Operação no Alemão e Penha: 64 mortos e 81 presos

Operação no RIO

Uma megaoperação policial realizada em 28 de outubro de 2025 nos complexos do Alemão e da Penha, na zona Norte do Rio de Janeiro, deixou um saldo oficialmente divulgado de 64 mortos — sendo 60 suspeitos e 4 policiais — e 81 presos. A ação mobilizou cerca de 2.500 agentes das forças estaduais e teve como alvo o Comando Vermelho (CV), em uma tentativa de capturar lideranças e conter a expansão territorial da facção

Objetivo da operação: conter lideranças e frear expansão

Segundo o governo do estado, a operação — parte da chamada “Operação Contenção” — foi planejada para cumprir centenas de mandados de prisão e desarticular pontos de resistência do Comando Vermelho em cerca de 26 comunidades da Zona Norte. As autoridades afirmaram que o foco era prender lideranças responsáveis pela logística de armas e drogas e interromper a rota de expansão da facção para áreas estratégicas da cidade.

Operação no rio deixa 64 mortos

Como a operação aconteceu (cronologia resumida)

  • Início (manhã/noite de 28/10/2025): A mobilização envolveu policiais civis, militares e unidades especiais, com apoio aéreo e ações coordenadas para cumprimento de mandados em vários pontos simultâneos. 
  • Confrontos e tática dos criminosos: Durante os confrontos, criminosos ergueram barricadas, incendiaram veículos e utilizaram drones para lançar explosivos contra equipes policiais e moradores, o que elevou a intensidade dos combates. 
  • Desfecho operacional (apreensões e prisões): Além das prisões, as forças de segurança informaram apreensões volumosas de armas — incluindo dezenas de fuzis — e grande quantidade de drogas. As autoridades estimaram a apreensão de dezenas de fuzis e centenas de quilos de entorpecentes.

Números oficiais e relatos da comunidade

  • Mortes e feridos: O governo contabilizou 64 mortos (60 suspeitos e 4 policiais), enquanto lideranças comunitárias e moradores relatam terem encontrado dezenas de corpos adicionais em áreas de mata, o que levanta questionamentos sobre o total real de vítimas. Reportagens locais apontam que moradores retiraram cerca de 50–70 corpos em áreas de mata após a operação, o que pode significar um número de mortos superior ao divulgado oficialmente. 
  • Prisões e apreensões: Foram reportadas 81 prisões até o momento e apreensão de dezenas de fuzis (relatos variam entre 72 e mais de 90 armas), além de grande quantidade de drogas. As discrepâncias em números exatos entre veículos de imprensa refletem a operação ainda em fase de consolidação das informações.
Policiais mortos na operação do Rio
Policiais mortos na operação no complexo do Alemão e Penha

Histórico do crescimento do Comando Vermelho na região

O Complexo da Penha e o Complexo do Alemão são áreas estratégicas para o tráfico no Rio por sua localização logística (acesso a rotas de entrega e proximidade com bairros e terminais). Nos últimos anos o Comando Vermelho consolidou presença nessas regiões por meio de alianças locais, controle de pontos de venda de drogas e fortalecimento de aparato armado — cenário que levou a sucessivas operações nos últimos anos. Analistas de segurança pública apontam que a atuação do CV tem sido marcada por sofisticacões logísticas (uso de drones, armamento pesado e controle territorial), tornando operações de alto risco mais prováveis

Reações e o debate público

  • Governo estadual: Enquadrou a operação como necessária para enfrentar uma guerra do crime organizado e solicitou apoio das Forças Armadas em momentos de maior intensidade. 
  • Organizações de direitos humanos e organismos internacionais: Expressaram preocupação e exigiram investigações independentes sobre o uso da força, a legalidade das mortes e relatos de corpos não contabilizados oficialmente. Human Rights Watch e outros atores pediram apuração rápida e transparente. 
  • Comunidade local: Moradores relataram cenas de “guerra”, incêndios, suspensão de aulas e bloqueios de transporte. Lideranças comunitárias também pedem esclarecimentos sobre corpos encontrados em áreas de mata e sobre possíveis danos a civis inocentes.

Questões abertas e próximos passos das investigações

  1. Contagem final de vítimas: Investigações precisam esclarecer se os corpos recolhidos por moradores foram incluídos na contagem oficial. Relatos contraditórios exigem perícias e divulgação transparente dos resultados. 
  2. Responsabilização por eventuais excessos: Organismos de controle e de direitos humanos pedem investigação sobre condutas de agentes e a cadeia de comando da operação. 
  3. Desarticulação das lideranças: Autoridades afirmarão se as prisões e apreensões atingiram efetivamente as lideranças do CV que comandam a logística da região. A eficácia de operações desta escala depende tanto da prisão de líderes quanto de medidas complementares (inteligência contínua, políticas sociais e monitoramento). 
Mais de 90 fuzis apreendidos na mega operação
Armas apreendidas em mega operação no Rio

Contexto: por que ações semelhantes geram debates?

Operações de grande impacto, como a deflagrada em 28/10/2025, frequentemente geram polarização: de um lado, pressão por resposta enérgica ao crime organizado; do outro, temor sobre violações de direitos, impacto sobre civis e eficácia a longo prazo. Especialistas apontam que sem políticas públicas complementares (investimento social, inteligência persistente e reformas no sistema prisional) o efeito isolado de ações repressivas tende a ser temporário.

Conclusão

A operação de 28 de outubro de 2025 nos complexos do Alemão e da Penha configura um marco na escalada de enfrentamento entre o Estado e o Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Enquanto o governo comemora prisões e apreensões, a soma de relatos sobre corpos adicionais, o número de mortos e o uso de táticas como drones levantam questões que exigem apuração rigorosa e transparência. O desfecho das investigações e as medidas adotadas nas próximas semanas serão decisivos para avaliar se a operação produzirá redução real da violência ou agravará ciclos de violência e exclusão social.

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