
A venda da EA: tudo sobre a maior aquisição na história dos games
No dia 29 de setembro de 2025, a Electronic Arts (EA), uma das gigantes da indústria de videogames, anunciou um acordo para ser comprada por aproximadamente US$ 55 bilhões. O comprador é um consórcio formado pelo Public Investment Fund (PIF), fundo soberano da Arábia Saudita; pela Silver Lake, empresa de private equity dos EUA; e pela Affinity Partners, fundo de investimento ligado a Jared Kushner.
A negociação prevê que os acionistas da EA receberão US$ 210 por ação em dinheiro, um prêmio de cerca de 25% acima do preço das ações antes dos rumores do negócio. O fechamento está sujeito à aprovação de reguladores e dos acionistas, e é esperado para o primeiro trimestre fiscal de 2027.
A história da EA: ascensão, franquias e momentos marcantes
- Fundação: Eletronic Arts foi criada em maio de 1982 por Trip Hawkins, ex‐funcionário da Apple, com a visão de profissionalizar o desenvolvimento de jogos, dando mais reconhecimento ao designer.
- Crescimento inicial: Logo nos primeiros anos, a EA passou de publicar jogos de terceiros para construir seus próprios estúdios e franquias. Ela inovou em marketing e distribuição, por exemplo, vendendo direto a varejistas.
- Franquias de sucesso:
- The Sims (Maxis) — simulação de vida real, enorme sucesso no PC.
- Battlefield — série de tiro em primeira pessoa com batalhas grandes e multiplayer robusto.
- Need for Speed — corridas arcade e simulação, muito popular.
- EA Sports — subdivisão dedicada a esportes reais: títulos como Madden NFL, EA SPORTS FC (antigo FIFA), NBA Live etc.
Desafios: Com o avanço de jogos como serviço (serviços online, microtransações), competição de novas plataformas, expectativas cada vez maiores dos jogadores e investimentos enormes, manter o ritmo de inovação se tornou mais caro. Também houve críticas por decisões de negócios, por qualidade ou suporte em certos títulos, e pela pressão de investidores públicos. Essas tensões são comuns em empresas que atuam há décadas.

O que muda agora: como ficam os novos passos
- Privatização: Após a compra, a EA deixará de ser uma empresa aberta (com ações negociadas em bolsa).
- Liderança mantida: Andrew Wilson, atual CEO, continuará no comando da companhia. A sede permanece em Redwood City, Califórnia.
- Financiamento do negócio: O consórcio investirá cerca de US$ 36 bilhões em equity e US$ 20 bilhões em dívidas, com ajuda do JPMorgan. O PIF, que já possuía aproximadamente 9,9% das ações, fará rollover (manterá parte das suas ações) na nova estrutura.
- Possíveis impactos práticos:
- Com a retirada do mercado público, a EA poderá ter menos pressão de relatórios trimestrais, o que pode permitir mais foco em projetos de longo prazo ou investimentos maiores sem a expectativa imediata de retorno.
- Pode haver reorganizações internas, cortes de custos ou ajustes estratégicos para otimizar rentabilidade, especialmente com a estrutura de dívidas envolvida.
Franquias já consagradas devem continuar; para o jogador comum, mudanças imediatas nos jogos podem ser pequenas, mas o suporte, licenças e planos de expansão podem ser revistos.
A importância dessa venda no mercado
- O negócio de US$ 55 bilhões torna-se uma das maiores aquisições à vista (all-cash) de uma empresa aberta na história.
- Mostra como fundos soberanos e empresas de private equity estão cada vez mais interessados no mercado de games, um setor que tem crescido não só em receita dos jogos vendidos, mas em microtransações, assinaturas, esportes eletrônicos (e-sports) e engajamento global.
- É um sinal de consolidação: empresas grandes precisam de escala, recursos financeiros e flexibilidade para se manterem à frente em tecnologia, experiência do usuário e infraestrutura global.